sexta-feira, 3 de outubro de 2025

RETORNO TRIUNFAL

Emocionado, Marc Márquez abraça o troféu de campeão da MotoGP 2025 após a corrida em Motegi: o fim de uma longa espera para mostrar que ainda poderia ser o piloto campeão de antigamente.

            Marc Márquez sacramentou seu retorno ao topo da Motovelocidade com a conquista de seu 7º título na classe rainha, domingo passado, na pista de Motegi, no Japão. O feito o coloca ao lado de grandes mitos da categoria, como Valentino Rossi, igualmente detentor de sete campeonatos, mas que poderá, a partir de agora, se ver superado pelo espanhol, que não vê a aposentadoria como um destino no horizonte próximo, muito pelo contrário.

            Mas é bem verdade que Marc Márquez quase chegou perto de pensar nisso, diante das dificuldades enfrentadas nos últimos anos, desde o início da temporada de 2020, quando um tombo, que em tese tinha tudo para ser apenas mais um em sua já vitoriosa carreira na MotoGP, mudou tudo de lá para cá. Como o próprio Marc afirmou, até então, ele só conhecia a glória e o triunfo na competição. Já tinha sofrido alguns acidentes, mas até então, sempre teve sorte de não se machucar seriamente. Não foi o que aconteceu em Jerez, no início daquela temporada atribulada, iniciada tardiamente, em virtude das consequências da pandemia da Covid-19. O acidente tinha sido mais sério, mas tratável. O que complicou tudo foi a atitude do próprio Marc Márquez que, querendo retornar o mais breve à competição, não esperou nem uma semana para tentar voltar às pistas. A dor forte no braço operado, felizmente, o fez desistir de disputar a segunda corrida em Jerez naquele ano, o que por si só já deveria tê-lo feito sossegar, e esperar a ferida se curar com mais calma. Porém, em casa, se exercitando para tentar apressar a recuperação, aí sim exagerou na dose, entortando a peça de metal implantada para manter o osso na posição, o que o levou a uma segunda cirurgia, que não foi feita de forma adequada, gerando sequelas que o deixariam de fora de toda a temporada de 2020.

            Como desgraça pouca é bobagem, foi preciso novas cirurgias para corrigir devidamente a situação, o que complicou sua participação nas temporadas de 2021 e 2022. Ao mesmo tempo, novos percalços com novas quedas, que até o fizeram sofrer de visão dupla, só atrapalharam o que já andava complicado, e o problema não era mais apenas a condição física de Marc, mas a forma da própria Honda, que não tinha mais a mesma competitividade de antes. Era um problema que já se avizinhava quando Márquez estava no auge: a moto era nervosa e difícil de controlar, algo que gerava reclamações de todos os demais pilotos que competiam com a moto nipônica. Mas, como Márquez ganhava corridas e campeonatos, a fábrica japonesa deu de ombros para esse feedback, ignorando-os plenamente. Só que quando ficou sem sua grande estrela, a marca ficou nua na MotoGP, e isso já em 2020.

            Foi preciso repensar o comportamento da moto, mas isso se revelou uma tarefa complicada, pois ficaram mal acostumados com o sucesso avassalador que Marc conseguia com a moto, devido a seu talento incomum. Mas claro que, uma hora, a conta dessa dependência chegaria, e chegou com tudo. Na ânsia de tentar melhorar o protótipo, claro que a competitividade despencou, e Márquez, conhecido por levar a moto sempre ao limite, e muitas vezes, além dele, continuou forçando para obter o que ninguém mais conseguia. E isso o levou a sofrer vários tombos, o que poderia por em perigo sua recuperação após os desaires de 2020 e 2021. E a situação chegou a um ponto onde tudo ficou em dúvida: era Marc que não conseguia mais levar a moto ao limite, ou a moto que não tinha mais competitividade? Foram tantos problemas, acidentes, e outros percalços, que a própria continuidade da carreira do “Formiga Atômica” começou a ser posta em dúvida. E, mesmo que se aposentasse das pistas, já tinha uma carreira considerável, com nada menos do que 6 títulos, e inúmeras vitórias. Não seria nada anormal parar assim, e muitos ainda dariam como dever cumprido na carreira esportiva.

Na Gresini, Marc Márquez voltou a mostrar que ainda poderia voltar a ser um piloto vencedor, depois dos anos de ostracismo recentes.

            Mas isso também poderia significar que ele estaria acabado para a competição, incapaz de disputar como nos velhos tempos. Marc, contudo, queria se provar o contrário, até para ficar em paz consigo mesmo. Os esforços na temporada de 2022, com direito a inúmeras quedas, tentando levar a moto novamente além dos limites, não estavam dando os resultados que ele obtinha antes. Em 2023, agora devidamente recuperado, e vendo que a situação da Honda parecia não levar a lugar nenhum, com a marca japonesa batendo cabeça no desenvolvimento de uma moto mais competitiva e menos arisca, onde até mesmo ele, forçando os limites, invariavelmente só acabava no chão, ele tomou uma decisão ousada: rescindiu o contrato que ainda tinha com os nipônicos, aceitando o desafio de defender uma equipe satélite, no caso, a Gresini. A decisão tinha seus motivos: seu irmão Álex já pilotava para a equipe, e acima de tudo, era um time satélite da Ducati, a marca que estava dominando a MotoGP desde 2022. Não era a moto do ano, mas era uma Ducati, um equipamento mais competitivo do que a Honda de fábrica que ele tinha nas mãos até então. Foi um passo atrás para tentar novos passos à frente na carreira, para ver se ainda poderia ser o velho Marc vencedor, ou se estava de fato entrando na decadência como piloto de competição. Se ele não conseguisse acompanhar o ritmo do irmão mais novo, apesar deste já conhecer muito melhor a moto italiana, teria sido uma resposta cabal de que seu tempo poderia ter de fato passado na motovelocidade.

            E a aposta mais do que se pagou: ele voltou a dar show de pilotagem, mesmo com a moto do ano anterior, e voltou a vencer corridas. Ficou atrás apenas da dupla que disputou o título, Francesco Bagnaia e Jorge Martin, que tinham as motos do ano. Mesmo tendo de aprender as reações da Ducati, cujo comportamento era muito diferente das motos da Honda que sempre pilotara na década anterior, o que o levou a alguns percalços iniciais na primeira parte da temporada, não demorou para a “Formiga Atômica” recuperar toda a chama de competitividade que sempre o caracterizou, de modo que ele suplantou o próprio irmão dentro da Gresini. E esta sua performance chamou a atenção da direção da Ducati, que contrariando o planejamento inicial, resolveu promovê-lo para o time oficial da fábrica, preterindo Martin, que se tornaria campeão no fim do ano. Muitos questionaram a escolha da Ducati, em apostar em Márquez, que tinha um currículo vencedor e campeão, mas que poderia ser apenas o passado, enquanto Martin seria a aposta mais condizente para o futuro. As críticas tinham certo fundamento, apesar da excelente campanha de Márquez com a Gresini, levando em conta se ele seria capaz de repetir o brilho no time de fábrica.

            Afinal, no mundo das competições do esporte a motor, o perigo sempre está à espreita, por mais dispositivos de segurança que sejam incorporados aos veículos de competição, ou aos circuitos onde as corridas são realizadas. Já vimos casos de pilotos que, depois de certos acidentes, nunca mais foram os mesmos. E aqui, ainda por cima, é competição de motos, onde os pilotos ficam muito mais expostos do que em um monoposto ou carro protótipo ou de turismo. Marc Márquez tinha razões suficientes para duvidar se ainda estaria à altura do que realizara antes. A campanha feita na Gresini ajudou a ver que a “Formiga Atômica” ainda estava em forma, agora, era a hora de confirmar isso de vez, com um equipamento capaz de levá-lo novamente à disputa do título na MotoGP, de onde andava ausente desde 2020.

Álex Márques precisava de um milagre para estender a disputa pelo título além do Japão, mas ainda faz sua melhor temporada na MotoGP.

            E aí, claro, entravam as especulações: ele teria a companhia de “Pecco” Bagnaia, bicampeão, e vice-campeão da temporada de 2024. Prometia ser um duelo de grandes proporções nas garagens do time italiano, onde se poderia calcular com mais exatidão se Marc Márquez voltaria a ser aquele demolidor que por tantos anos assombrou os rivais na MotoGP. Se ele não correspondesse às expectativas, o estrago indireto havia sido feito: inconformado por não ser, mais uma vez, o escolhido da Ducati para o time de fábrica, Jorge Martin bandeou-se para a rival Aprilia, e a Pramac, principal time satélite da Ducati, rompeu com a marca italiana, preferindo ir usar as motos da Yamaha em 2025, apesar do evidente prejuízo em termos de competitividade. Ter feito a escolha errada poderia ter sido desastroso para a Ducati em termos de imagem da marca, mesmo com seu domínio na classe rainha nos últimos anos.

            Mas Marc Márquez fez uma campanha absolutamente demolidora em 2025, não dando chances a ninguém na pista. Até a etapa de Mogeti, foram nada menos que 11 vitórias na temporada, sem contar as corridas Sprint. Nas corridas principais, ele abandonou apenas uma corrida, em Austin, no Texas, e terminou em 12º lugar em Jerez de La Frontera. No resto, foram apenas pódios, com 3 segundos lugares e um terceiro. A GP25 mostrou-se uma moto mais complicada que a de 2024, mas Márquez, lembrando seus bons tempos de Honda, onde conseguia se sobressair com uma moto competitiva, mas complicada, conseguiu vencer as adversidades e brilhar intensamente, ofuscando toda a competição. Que o diga Francesco Bagnaia, que desde o início do ano não conseguia apresentar a mesma performance do hexacampeão, e pouco a pouco, foi ficando para trás, sendo superado até mesmo por Álex Márquez, que faz uma temporada excelente com a Gresini, e é o vice-líder do campeonato. A esperada competição que todos esperavam ver dentro da equipe de fábrica praticamente não existiu, e Marc Márquez reinou sozinho no ano, coroando sua volta ao topo do Olimpo com todos os méritos. E ele mesmo afirmou que, por mais fácil que tenha parecido vencer tanto, nem sempre os triunfos foram fáceis. A GP25, de fato, não é uma moto tão fácil de se entender quanto a GP24, e em várias etapas, o “Formiga Atômica” precisou se empenhar a fundo para sair vencedor, e de fato, várias corridas foram decididas por margens bem pequenas, mostrando que o espanhol fez de fato a diferença, ainda mais se compararmos com as performances que Bagnaia vinha exibindo.

O acidente em Jerez, em 2020: o início de um período conturbado para o hexacampeão, que finalmente ficou para trás.

            E ele conseguiu. Voltou ao topo, como desejava, provando si mesmo que ainda poderia ser o mesmo Marc Márquez de antes, mas agora, mais maduro, ciente de que há momentos em que se pode forçar, e outros em que é preciso esperar, e ser paciente, algo complicado para um piloto de competição, ainda mais em um esporte como a motovelocidade, onde o limite está sempre por um fio, e erros podem ser dramáticos, quando algo sai errado. Ele mesmo admite que sua pressa em retornar à disputa em 2020 complicou tudo, e fez sua vida nos anos seguintes pender entre o sofrimento e a incerteza. Ele afirma que foi um período conturbado da vida, e que por um tempo, não imaginava como poderia sair dele, nem se o futuro lhe era auspicioso, quanto mais retornar à competição no nível em que demonstrou esse ano. Depois de seis anos do último título, Marc Márquez deu a volta por cima, numa daquelas histórias de superação que deixam os fãs do esporte encantados por sua perseverança, determinação, e humanidade, provando que por mais difíceis que sejam certos desafios, sempre há a esperança de superação, se nunca desistir, mesmo que, no meio do caminho, tenha que tomar algumas decisões arriscadas.

            De volta ao topo, Marc Márquez agora já é o alvo a ser batido em 2026. Após igualar o heptacampeonato de Valentino Rossi, ele tem tudo para ir além, e superar até mesmo Giacono Agostini, o grande campeão da motovelocidade. Mas falta combinar com os adversários. Se Francesco Bagnaia voltar a se sentir confortável na moto, talvez vejamos no próximo ano um embate de grandes proporções no time de fábrica da Ducati, que nos foi privado este ano. E, se as demais marcas conseguirem melhorar suas performances, os duelos podem ficar mais acirrados e difíceis, de modo que a Ducati pode perder sua atual supremacia na competição. Mas, com o “velho” Marc Márquez de volta, tão rápido e demolidor quanto antes, mas agora mais maduro e prudente, pode ser difícil impedi-lo de rumar a novas conquistas na MotoGP. Vamos ver o que acontece no próximo ano… Por agora, é o momento do espanhol comemorar sua mais do que volta ao círculo dos campeões da motovelocidade...

 

Afinal, um fim de semana perfeito para Bagnaia, com vitória nas duas provas do fim de semana no Japão. A meta agora é pelo menos ir atrás do vice-campeonato.

 

“Pecco” Bagnaia teve em Motegi o fim de semana que até então não tinha vivenciado na temporada 2025: fez a pole-position, e venceu tanto a corrida sprint quanto a prova principal, no domingo, marcando todos os 37 pontos possíveis. No último teste, em Misano, a Ducati parece ter conseguido encontrar soluções para o comportamento da moto que tirava a confiança do italiano, e ele mostrou na pista japonesa a classe e talento que fizeram dele bicampeão mundial. Mas o próprio Bagnaia reconhece que 2025 foi uma temporada perdida: tivessem encontrado as soluções que só agora, aparentemente foram implantadas em sua moto, ele poderia efetivamente ter brigado pelo título, mas não se abate: a meta agora é pelo menos ser vice-campeão, e embora a distância para Álex Marquez, o vice-líder, ainda seja grande, ainda temos cinco provas pela frente, com suas respectivas provas Sprints. No Japão, Bagnaia tirou 24 pontos da desvantagem para o piloto da Gresini, que não foi bem, mas será que tal panorama se repetirá? O próprio “Pecco” sabe que a missão é difícil, mas não impossível, e se continuar tendo nas provas finais o mesmo desempenho exibido em Motegi, a disputa está aberta, ainda mais para tentar recuperar o orgulho próprio, e terminar 2025 em alta. O triunfo impecável de Bagnaia em Motegi ajudou a afastar a ameaça de Marco Bezzecchi, que vinha se aproximando perigosamente na classificação, e poderia superar o bicampeão italiano, se persistisse os maus resultados. Teoricamente, um perigo a menos para Bagnaia, que poderá se concentrar em tentar alcançar Álex Márquez na classificação. Será que ele consegue? Essa história ainda vai dar o que falar...

 

 

A F-1 chegou a Singapura, e a expectativa é se Max Verstappen continuará o bom momento iniciado na Itália, e mantido no Azerbaijão, onde o tetracampeão não apenas marcou a pole-position, mas venceu as duas corridas de forma categórica. A McLaren, que poderia ter garantido o campeonato de construtores na prova de Baku, tem em Marina Bay nova chance de fechar a conquista de mais um título de construtores, e com grande antecedência. Já em relação ao campeonato de pilotos, Oscar Piastri, mesmo depois do erro cometido na última corrida, ainda lidera o campeonato com relativa folga, diante de Lando Norris ter tido uma atuação morna, e ter ficado longe da vitória, perdendo a chance de demolir de forma contundente a vantagem de pontos do australiano. Mas fica a dúvida em torno de Verstappen, que em caso de nova vitória, poderia até entrar, ainda que de forma remota, na briga pelo título da temporada, ameaça que pode até ser pequena, face à dianteira da dupla do time inglês na competição, mas que não pode ser menosprezada. O piloto holandês não é conhecido por desperdiçar oportunidades, mesmo as menores possíveis, enquanto pelo lado da McLaren, seus pilotos tem cometido vários erros no ano até aqui, com destaque para Norris, que tem errado até mais do que seria aceitável para um postulante ao título. A hipótese pode até parecer forçada, mas ainda temos muitas corridas na temporada, de modo que seria prematuro dizer que nada pode acontecer. A Red Bull parece ter conseguido acertar a janela de acerto do RB21, deixando-a um pouco mais flexível, de modo que o desempenho do carro melhorou. Mas Singapura pode significar um desafio mais complicado para o time dos energéticos, e é uma das pistas onde Max jamais venceu. Mas a Red Bull, por outro lado, já venceu várias vezes na pista da cidade-estado do sudeste asiático, com Sebastian Vettel (2011, 2012, e 2013), e com Sergio Perez (2022). Os tempos, porém, são outros. Será que o time dos energéticos conseguirá surpreender novamente, com Max? Os treinos de hoje foram promissores, mas vamos ver o resto do fim de semana, especialmente amanhã, na classificação..

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

FLYING LAPS – SETEMBRO DE 2025

            Já chegamos ao mês de outubro, entrando no último trimestre de 2025. Logo chegaremos a 2026, e parece até que foi ontem que este ano começou. E todo início de mês é hora de mais uma nova sessão da Flying Laps, relacionando alguns acontecimentos ocorridos no mundo da velocidade nesse último mês de setembro, sempre com alguns comentários rápidos a respeito de cada assunto. Portanto, uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps no próximo mês, trazendo notas sobre os acontecimentos deste mês de outubro. Até lá, então, pessoal...

Confirmando as expectativas, Will Power encerrou sua carreira na equipe Penske, após mais de uma década e meia defendendo a escuderia de Roger Penske na Indycar. O piloto australiano estava no time desde 2009, quando foi contratado para substituir emergencialmente o brasileiro Hélio Castro Neves, à época enfrentando um processo legal na justiça dos Estados Unidos referente a fraude e sonegação de impostos. Com a absolvição de Hélio, o brasileiro retomou seu posto de titular na Penske, mas Power ficou como reserva, sendo promovido a titular a partir de 2010, e de lá para cá, foi várias vezes postulante ao título, tendo sido bicampeão da categoria. Mas mesmo sendo o melhor piloto da Penske na temporada 2025, Power revelou que resolveu sair, em busca de novos desafios, preferindo tentar novos ares do que permanecer na escuderia, que até teria lhe oferecido proposta de renovação para 2026. O modo como a relação se desgastou, inclusive com o time enrolando demais para tratar da renovação, foi apenas mais um dos fatores que contribuíram para o estremecimento do vínculo. E Power não deixou o pessoal ficar muito tempo na expectativa: a Andretti anunciou a contratação do piloto australiano, que irá ocupar a vaga que era de Colton Herta no time, que assim, fecha a sua trinca titular para a próxima temporada, contando ainda com Marcus Ericsson e Kyle Kirkwood, que seguem firmes no time.

 

 

A Penske também confirmou o que todos esperavam: David Malukas será o novo piloto do time, após ter feito boa temporada na Foyt, que nos últimos anos vem recebendo apoio operacional e técnico em parceria com o time de Roger Penske. O boato de que Malukas ocuparia um lugar na Penske já vinha desde o início da temporada, especialmente diante do fato do contrato de Will Power se encerrar justamente no fim da temporada 2025. Mas não dava para garantir que isso fosse efetivado, dependendo de como a temporada se desenvolveria, o que, na pior das possibilidades, poderia manter David por mais um ano no time de A.J. Foyt, e com isso, talvez até perder o piloto, caso ele recebesse uma proposta que considerasse vantajosa de outro time na categoria. O anúncio também fecha o trio titular da Penske para 2026, mantendo Josef Newgarden e Scott McLaughlin.

 

 

Colton Herta, que foi vice-campeão da Indycar na temporada de 2024, deixa o time da Andretti para tentar a sorte na F-2, visando obter os pontos necessários para conquistar a super-licença que o habilite a competir na F-1. A temporada mais fraca do californiano em 2025 frustrou as expectativas de conseguir a pontuação faltante, de modo que agora o plano é fazer uma boa competição no campeonato de acesso à F-1, para fechar a conta. Paralelamente, Colton também foi anunciado como piloto reserva e de testes da Cadillac, o novo time que estréia na categoria máxima do automobilismo em 2026, de modo que Herta irá estar em todos os fins de semana de GPs, mesmo sem etapas da F-2, acompanhando a F-1. Teoricamente, pode-se especular que Herta poderia ser  promovido a titular do time em 2027, mas a Cadillac já se antecipou em desmentir tal projeto, dizendo que ainda é precipitado tomar tal decisão. O time norte-americano já confirmou sua dupla titular para a temporada de estréia em 2026, composta pelo finlandês Valtteri Bottas, e pelo mexicano Sergio Perez, e dá a entender que ambos seguirão no time também em 2027, apostando na experiência de ambos para construir uma base sólida e competitiva para a nova escuderia na F-1. A Cadillac entende que Herta é uma aposta para o futuro, mas primeiro, o piloto precisa se acostumar aos novos monopostos, e às pistas européias, que ele não conhece. Por isso, além da necessidade de obtenção dos pontos da super-licença, o piloto terá a chance de conhecer os circuitos pelos quais a F-1 passa, além de ter mais intimidade dos procedimentos de um time da F-2 e F-1. Por isso mesmo, eles entendem que não há necessidade de apressar a estréia de Herta, o que jogaria pressão desnecessária para o piloto em 2026, que o faria pensar demasiado no compromisso de estar na F-1 já em 2027. É claro que tudo pode mudar até lá, mas de início, é preciso ver como Herta irá se sair na F-2. Ele troca a Indycar, onde já é um nome conhecido, para se aventurar em uma categoria onde será praticamente um novato e um nome quase desconhecido. Para Gabriel Bortoleto, Herta tem todas as condições de se adaptar à F-2 e brilhar na competição. Resta saber se terá um carro competitivo que lhe permita mostrar suas qualidades.

 

 

Outro comunicado oficial que saiu é a da entrada da Citroen na Formula-E. O Grupo Stellantis, que já participa da competição fornecendo trens de força à Penske, assumiu a gestão da equipe Maserati, que era a antiga Venturi, que em dificuldades financeiras, corria o risco de deixar o grid, e fazer a lista de competidores do certame diminuir ainda mais, com a saída da McLaren da competição. A parceria com a Penske é de fornecimento de trens de força, apenas, uma situação que incomodava a Stellantis, que desejava ter maior poder de comando sobre a escuderia, algo que Jay Penske era contra. E com a crise da Maserati, eis que surgiu a oportunidade de assumir um outro time, que já usava seus trens de força, sobre o nome de uma das marcas do grupo, a Maserati. Assim, pelo menos o time continua no grid, e a F-E, se perde a marca Maserati, ganha a Citroen, outro nome icônico do automobilismo, que volta oficialmente a uma competição depois de vários anos de ausência, desde que encerrou seu time de fábrica no Mundial de Rali. Outro detalhe confirmado oficialmente foram os pilotos, que serão o bicampeão Jean-Éric Vergne, e Nick Cassidy. Ambos terão a missão de tentar levar o novo time adiante. A Venturi, em seu melhor momento, quase conquistou um título de pilotos com Edoardo Mortara, alguns anos atrás. Quando a equipe se tornou Maserati, esperava-se manter o nível de competitividade, mas a performance decaiu, e a nova escuderia nunca repetiu o mesmo desempenho na nova era Gen3. Agora, contudo, é esperar para ver como se dará a performance da escuderia sob o novo nome, e com sua nova dupla de pilotos. Talento e capacidade não lhes faltam: Vergne é o único bicampeão da F-E em sua curta história, e Cassidy já bateu na trave da conquista do título por duas vezes, mostrando que sabe como chegar lá, basta ter um carro competitivo, e uma boa estratégia de corrida. Veremos se a Citroen chegará para brilhar na competição, como tem intenção…

 

 

Romain Grosjean voltou a pilotar um carro de F-1 neste mês de setembro. Por ocasião do teste de pneus da Pirelli na pista de Mugello, visando os novos compostos que equiparão os carros da categoria máxima do automobilismo em 2026, os times presentes na pista, Haas, Red Bull, e Ferrari, usaram os carros da temporada de 2023, conforme manda o regulamento para este tipo de atividade. E Grosjean esteve de volta na pista, pilotando para a Haas, justamente seu último time na competição, por onde correu em 2020. O piloto, aliás, não terminou aquela temporada devido ao acidente fortíssimo sofrido no GP do Bahrein, quando após ter um toque de outro carro, atingiu o guard-rail da pista de Sakhir com extrema violência, ao qual o carro pegou fogo. Romain, contudo, conseguiu escapar de sofrer ferimentos graves, e conseguiu sair do carro em chamas, tendo como maiores sequelas queimaduras nas mãos, o que o impediu de disputar as duas últimas corridas da temporada. Grosjean sempre disse que gostaria de voltar a guiar um F-1, mas as circunstâncias nunca ajudaram, e só agora, praticamente 5 anos depois, ele conseguiu realizar o desejo. A Haas, claro, elogiou o empenho do piloto no teste de pneus, que ainda por cima foi realizado com chuva, mas com Grosjean sendo aplaudido pelos mecânicos, e até pelos outros times presentes. De 2021 a 2024, Grosjean participou da Indycar, onde conseguiu até alguns resultados bem razoáveis, mas este ano, sem patrocínio, ele acabou de fora do grid. No mesmo período, o piloto também correu nas 24 Horas de Le Mans e do IMSA Wheatertech.

 

 

E quem pode estar a caminho da Indycar é Mick Schumacher. O filho do heptcampeão Michael Schumacher fará um teste na pista mista do circuito de Indianápolis, pela Rahal/Leterman/Lanigan, programado para o dia 13 de outubro. Mick era um dos nomes possivelmente cogitados pela Cadillac para ser titular na temporada de estréia da equipe norte-americana na F-1 em 2026, assim como o brasileiro Felipe Drugovich, o que acabou não se concretizando. Neste ano, o jovem Schumacher disputa o Mundial de Endurance, pelo time da Alpine, na categoria principal da competição, a Hypercar. O teste, porém, não garante que Mick seja um dos pilotos do time para a temporada 2026 da Indycar, mas certamente poderá abrir portas para uma eventual entrada do jovem Schumacher na competição. A própria direção da equipe também fez questão de afirmar que será apenas um teste, mas de qualquer forma, será uma experiência importante para Mick, afastado das competições de monoposto, desenferrujar um pouco, e ver como é um carro da Indycar, e suas particularidades de pilotagem. Seu pai, Michael, mesmo após pendurar o capacete como piloto de F-1, nas duas oportunidades, nunca fez questão de tentar competir na categoria de monopostos dos Estados Unidos. Será que Mick irá desbravar essa chance, se ela aparecer? Pelo sim, pelo não, a equipe ainda não se decidiu a respeito de quem ocupará o terceiro carro da escuderia, o que abre margem para especulações a respeito da possível entrada de Mick Schumacher como novo piloto da escuderia em 2026...

 

 

Romain Grosjean, aliás, pode até voltar para a Indycar em 2026. O piloto ficou a pé este ano em virtude da falta de apoio financeiro, mas para a próxima temporada, a situação parece bem mais promissora, e a Dale Coyne, time que já defendeu no ano passado, poderia ver o seu retorno, uma vez que, até o presente momento, só tem o nome de Dennis Hauger, campeão da Indy NXT, confirmado até agora. Rinnus Veekay, que correu pela escuderia este ano, até foi convencido a ficar, mas o holandês optou por deixar o time e buscar outras paragens para 2026. Quando deixou a F-1, ao fim de 2020, Grosjean optou pela Indycar em 2021, e foi justamente na Dale Coyne que ele estreou na categoria, tendo feito uma boa temporada, terminando em 15º lugar, com 272 pontos, e até um pódio, o que lhe garantiu um contrato para defender a Andretti, onde ficou em 2022 e 2023, mas sem conseguir repetir as mesmas performances. Sua melhor temporada foi em 2022, quando foi o 13º colocado na temporada, com 328 pontos. No ano seguinte, ele ainda manteve a 13ª posição, mas com apenas 296 pontos. Em 2024, correndo pela Juncos, Romain foi apenas o 17º colocado, com 260 pontos. Será que veremos o retorno de Grosejan à competição